Foto: Sul In Foco 1j23
Com apenas 7 anos de idade, a pequena Jamile demonstrou agilidade com as muletas, coragem e muita força de vontade ao encarar cerca de 500 metros de subida até o topo da colina onde está construída a imagem de Nossa Senhora Aparecida, em São João de Urussanga Baixo, comunidade de Treze de Maio. Há dois anos, Jamile não andava.
Devotos da santa, a menina mantém o rito desde o seu primeiro aniversário junto aos pais e demais familiares para pedir bênçãos e, desta vez, agradecer. “Ela não conseguia caminhar. Buscamos a graça e alcançamos. Pode chover, mas não deixaremos de subir e agradecer cada vez mais pela graça alcançada”, conta o tio e padrinho dos trigêmeos, José Oleiniki.
Jamile nasceu de trigêmeos, junto aos irmãos Vitor e Júlia. Em função de uma má formação na coluna, a menina teve os movimentos das pernas prejudicados, mas venceu as limitações e conseguiu caminhar depois de quatro anos. “Temos uma gratidão muito grande por ela ser recuperar e hoje poder caminhar. Viemos todos os anos e agora não seria diferente. Mesmo com a chuva, estamos aqui novamente, e desta vez com a Jamile andando”, comenta o pai Vilson Somariva, emocionado ao olhar a filha.
Fotos: Adriano Ghellere/Sul In Foco
A família de Jamile une duas cidades: Nova Veneza e Tubarão. Estavam em 10 pessoas compartilhando o momento de espiritualidade, inclusive com o primo que se deslocou de bicicleta da Cidade Azul, para reencontrá-los. “É uma forma diferente de realizar a penitência, e acima de tudo agradecer por diversas graças alcançadas, inclusive da minha prima”, comenta Leandro Oleiniki.
Foto: Sul In Foco
Caminhar para agradecer
Romeiros de diversas cidades se deslocaram até a santa em Treze de Maio, principalmente caminhando. Uns somente para agradecer e manter o rito de anos. “Já fizemos esta mesma rota há três anos. Agradecer pela vida e pelas bênçãos que são alcançadas. Reunimos os amigos e familiares e partimos rumo à santa”, relata Alexandre Pavei, junto a um grupo de 11 pessoas e uma cadelinha. Eles estavam chegando ao distrito de Estação Cocal, na SC-442, após partirem de Içara. Foram 24 quilômetros de caminhada.
Alexandre Pavei, amigos e familiares na SC-442, rumo à imagem de Nossa Senhora – Foto: Adriano Ghellere/Sul In Foco
Mais a frente, dois irmãos e um sobrinho descansam e observam os pés calejados pela longa caminhada debaixo de chuva. A família Gerônimo do bairro Próspera, em Criciúma, finalizava a caminhada, já no final da manhã desta quinta e aguardava a carona para retornar para casa.
Alexandre (sobrinho), junto com os tios Joênio e Jorge Gerônimo – Foto: Adriano Ghellere/Sul In Foco
“Minha filha estava com câncer e a cinco anos vencemos a doença. Hoje ela está na faculdade e somos muito gratos por isso. Já é a terceira vez que realizamos esta penitência, e a dor nos pés é o que menos importa depois de uma vitória dessas”, comenta Jorge Gerônimo, junto ao irmão Joênio e o sobrinho Alexandre.
De 40 mil para 15 mil pessoas
A comunidade de São João de Urussanga Baixo sentiu a redução no número de fiéis que buscaram visitar a estátua de Nossa Senhora Aparecida. No ano ado, cerca de 40 mil pessoas aram pelo local. A chuva deste ano reduziu o numero de romeiros para aproximadamente 15 mil.
“O tempo prejudicou um pouco, mas mesmo assim, o volume de pessoas foi muito grande desde o início do mês. Cerca de 200 pessoas por dia aram por aqui. A comunidade se preparou e sentiu-se honrada em receber a todos”, descreveu o presidente do CAEP, Vânio da Silva.
Foto: Adriano Ghellere/Sul In Foco
Na noite desta quarta-feira (11), uma procissão reuniu um grande número de pessoas, que acompanharam a transladação da imagem da Igreja Matriz de Treze de Maio até a comunidade. Nesta quinta (12), a chuva retornou e prejudicou a permanência dos fiéis na comunidade.
A estátua da Padroeira
Foto: Adriano Ghellere/Sul In Foco
A imagem de Nossa Senhora Aparecida em Treze de Maio foi inaugurada em 1999 e possui 13 metros de altura. É maior imagem já construída no país e está localizada no alto de uma colina na comunidade de São João de Urussanga Baixo.
A estátua surgiu após o pedido da senhora Maria Cechinel Niero para que os filhos construíssem uma gruta no local. Atendendo ao pedido da devota, em 1969 a estrutura foi construída e, em 1998, o neto de Maria resolveu construir a imagem atual.
Após a inauguração no ano seguinte, centenas de fiéis buscam o local para pagar promessas e pedir graças à Padroeira do Brasil.
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